REFLEXÃO/HOMILIA PARA O DÉCIMO NONO DOMINGO DO TEMPO COMUM DO ANO A

ENFRENTANDO NOSSOS MEDOS COM FÉ INABALÁVEL

Primeira Leitura: 1 Reis 19,9;11-13
Salmo Responsorial: Sl. 84(85),9-14
Segunda leitura: Romanos 9,1-5
Leitura do Evangelho: Mateus 14,22-33
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O medo, o companheiro sombrio que muitas vezes se esconde nos cantos de nossas vidas, possui um poder que pode nos moldar ou nos destruir. Surge como uma emoção profundamente enraizada na experiência humana, surgindo das profundezas de nossa vulnerabilidade e incerteza. Como uma corrente oculta na passagem do tempo, o medo foi reconhecido e explorado em várias dimensões na Sagrada Escritura. Ao percorrermos as leituras deste domingo, desvendamos o perigoso efeito do medo e a necessidade de confrontar essa realidade em nossa existência cotidiana.

Na primeira leitura (1 Reis 19, 9,11-13), encontramos o profeta Elias se retirando para uma caverna, assombrado pelo medo enquanto contempla os desafios que enfrenta. Em meio às rajadas de vento, terra trêmula e fogo ardente, um sussurro suave chama sua atenção. Esse sussurro serve de metáfora para a voz divina que muitas vezes passa despercebida em meio ao clamor do medo. É nessa revelação silenciosa que Elias descobre a futilidade de sucumbir ao domínio do medo. Sua experiência nos ensina que o medo pode nos distrair da gentil orientação e consolo que estão além de sua fachada tumultuada. Em vez de nos rendermos às suas garras, somos convidados a buscar a quietude interior e ouvir os sussurros de coragem e esperança.

Do exposto, ouvimos as palavras do salmista (Salmos 84/85,9-14), que refletem os sentimentos de um coração que anseia por libertação das algemas do medo. A passagem fala de misericórdia, paz e retidão se reunindo. É um lembrete de que o medo pode perturbar a harmonia dentro de nosso ser interior, interrompendo o delicado equilíbrio entre essas virtudes. Quando o medo ganha ascendência, nossa percepção torna-se distorcida, desviando-nos do caminho da retidão e da serenidade. O apelo do salmista serve como um claro lembrete de que abraçar o medo pode nos impedir de experimentar o alinhamento da misericórdia e da paz em nossas vidas.

E na epístola aos Romanos, a angústia de Paulo por seu povo é palpável. Sua disposição de suportar “grande tristeza e angústia sem fim” expõe o conflito entre seu amor por seu povo e o medo de seu estado espiritual. Essa luta interna mostra como o medo pode se misturar com o amor, muitas vezes obscurecendo a clareza de nossas intenções. O exemplo de Paulo mostra como o medo pode obscurecer nossa percepção e nos impedir de ver os outros através das lentes da compaixão. Serve como um conto de advertência, incitando-nos a reconhecer o potencial do medo de distorcer nosso amor genuíno e preocupação pelos outros.

Justapondo este conceito de medo com a leitura do Evangelho (Mateus 14,22-33), vemos o relato de Jesus andando sobre a água e o consequente medo de Pedro. Embora inicialmente saindo do barco, a fé de Pedro é momentaneamente grande; no entanto, ao perceber as ondas furiosas, o medo começa a corroer sua confiança e ele começa a afundar. Esta narrativa ressalta o delicado equilíbrio entre fé e medo. Enquanto a fé nos capacita a ir além de nossas limitações, o medo pode nos afundar em dúvidas e apreensão. Os passos vacilantes de Pedro ilustram como o medo, quando se permite dominar, pode levar ao naufrágio nas mesmas águas que deveríamos conquistar.

Queridos amigos em Cristo, o medo surge como um adversário que pode corroer nossa coragem, distorcer nossas percepções e impedir nosso crescimento espiritual. No entanto, em meio à turbulência dos desafios da vida, as leituras de hoje oferecem insights sobre como superar as garras do medo. Do ainda sussurro de orientação ao pedido de libertação, as Escrituras revelam que o perigo do medo reside não apenas em sua presença, mas também em seu potencial de nos cegar para as verdades mais profundas que nos acenam. Oremos e peçamos ao bom Deus que nos conceda a graça de reconhecer a influência do medo e reconhecer seu potencial de distorcer nossas percepções e decisões. Devemos buscar quietude e orientação na mesa eucarística, assim como Elias encontrou consolo no suave sussurro na montanha; assim, somos encorajados a buscar momentos de quietude em meio às turbulências da vida. Infelizmente, o medo muitas vezes nos limita à segurança de nossas zonas de conforto, impedindo-nos de abraçar novas experiências e oportunidades. Ao confrontar nossos medos e abordá-los com fé, podemos aproveitar sua energia para uma mudança positiva. Que possamos cultivar virtudes como coragem, amor e esperança como antídotos para o medo. Essas virtudes nos capacitam a enfrentar desafios, abordar os outros com compaixão e manter uma perspectiva positiva mesmo diante da incerteza.

Enquanto viajamos pelo terreno imprevisível da vida, que essas lições nos guiem para enfrentar nossos medos com fé inabalável, buscando o poder metamórfico que dissipa as sombras do medo e nos conduz a uma vida caracterizada por coragem, amor e esperança.

(CLIQUE AQUI PARA A REFLEXÃO DO PRÓXIMO DOMINGO: REFLEXÃO/HOMILIA PARA A SOLENIDADE DE ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA)

OU

(CLIQUE AQUI PARA VER A REFLEXÃO DO PRÓXIMO DIA: REFLEXÃO/HOMILIA PARA A MEMÓRIA DE SÃO MAXIMILIANO KOLBE, SACERDOTE E MÁRTIR)

Shalom!
© Pe. Chinaka Justin Mbaeri, OSJ
Paróquia Nossa Senhora de Loreto, Vila Medeiros, São Paulo, Brasil
nozickcjoe@gmail.com / fadacjay@gmail.com

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Chinaka Justin Mbaeri

A staunch Roman Catholic and an Apologist of the Christian faith. More about him here.

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