REFLEXÃO/HOMILIA PARA SEXTA-FEIRA DA DÉCIMA SEXTA (16ª) SEMANA DO TEMPO COMUM

NAVEGANDO NA DISSONÂNCIA COGNITIVA: COMO A PALAVRA DE DEUS DESAFIA E TRANSFORMA

Primeira Leitura: Êxodo 20,1-17
Salmo Responsorial: Salmo 18(19):8-11
Leitura do Evangelho: Mateus 13:18-23
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Há algum tempo, me deparei com um dos fenômenos mais intrigantes e profundos da psicologia humana, que é a “Teoria da Dissonância Cognitiva”, proposta pelo renomado psicólogo Leon Festinger. Essa teoria postula que, quando os indivíduos encontram informações que desafiam suas crenças ou valores existentes, eles experimentam um estado de dissonância cognitiva – um desconforto mental decorrente do conflito entre suas convicções estabelecidas e as ideias recém-apresentadas. Para resolver esse conflito interno, os indivíduos são compelidos a modificar suas crenças para se alinhar com as novas informações ou rejeitá-las completamente. Inspirando-nos na Teoria da Dissonância Cognitiva, hoje refletiremos sobre como a Palavra de Deus desafia nossas crenças ou mentalidades existentes, provoca dissonância cognitiva e nos chama a cooperar para trazer mudanças positivas em nossas vidas. À medida que nos aprofundamos nas leituras, atravessamos as paisagens da psique humana, testemunhando o drama divino da revelação e da resposta humana se desdobrando diante de nós.

Na Primeira Leitura do Êxodo (20,1-17), testemunhamos Deus apresentando os Dez Mandamentos a Moisés e ao povo de Israel. Os Dez Mandamentos servem como o código moral divino – um conjunto de instruções que orientam a humanidade para uma vida justa e relacionamentos harmoniosos. À medida que as pessoas recebiam esses mandamentos, elas se deparavam com um momento de dissonância cognitiva. Os mandamentos de Deus desafiaram suas crenças existentes e comportamentos idólatras, criando dissonância cognitiva em seus corações e exigindo que eles confrontassem suas fraquezas e deficiências. Aqui, testemunhamos o aspecto fundamental da Palavra de Deus – sua capacidade de desafiar e transformar crenças e valores profundamente arraigados, levando-nos a reavaliar nossas ações e atitudes.

No Salmo Responsorial (18/19,8-11), o salmista exalta a beleza e a sabedoria da lei de Deus, afirmando seu impacto transformador na alma humana. A Palavra de Deus age como uma luz que ilumina os olhos e como uma iguaria mais doce que o mel. À medida que o salmista imerge no esplendor da revelação de Deus, ele experimenta a dissonância cognitiva entre a lei perfeita de Deus e a falibilidade humana. Abraçar a Palavra de Deus requer disposição para enfrentar nossas imperfeições e nos submeter à orientação divina, levando ao crescimento pessoal e à renovação espiritual.

A parábola do semeador na leitura do Evangelho de Mateus (13,18-23) ilumina ainda mais a dinâmica de receber e responder à Palavra de Deus. A semente, que simboliza a Palavra de Deus, é semeada em vários tipos de solo, representando as diversas condições do coração humano. As diferentes respostas – variando de rejeição e recepção superficial a crescimento frutífero – refletem as várias maneiras pelas quais as pessoas experimentam dissonância cognitiva diante da Palavra de Deus. Alguns corações endurecem e resistem à Palavra devido a crenças arraigadas ou distrações mundanas, enquanto outros a recebem com alegria, apenas para vacilar em tempos de provação. No entanto, o coração receptivo, como um solo fértil, abraça a Palavra de Deus com abertura, permitindo que crie raízes e produza uma colheita abundante de justiça.

Queridos amigos em Cristo, refletindo sobre as leituras de hoje sobre a recepção da Palavra de Deus, um versículo da Carta aos Hebreus (4,12) permanece comovente. “A Palavra de Deus é algo vivo e ativo, corta mais finamente do que qualquer espada de dois gumes, penetra até a divisão da alma e do espírito, das juntas e medulas, e pode julgar emoções e pensamentos secretos.” Aqui vemos a natureza transformadora e poderosa da Palavra de Deus, que tem a capacidade de penetrar profundamente no âmago do ser de uma pessoa, revelando seus pensamentos e intenções mais íntimos; e por seus efeitos catalisadores, é capaz de provocar mudanças positivas na vida daqueles que o acolhem de todo o coração, produzindo frutos que duram por toda a eternidade. Portanto, como os israelitas, somos convidados a abraçar o Decálogo como caminho para a verdadeira liberdade e realização. Somos encorajados, como o salmista, a deleitar-nos na lei de Deus, permitindo que ela remodele nossos corações e mentes. E assim como o coração receptivo da parábola produz uma colheita abundante, nós também devemos cooperar com a Palavra de Deus, permitindo que ela nos transforme por dentro.

Ao encontrarmos a Palavra viva de Deus, estejamos dispostos a aceitar a dissonância cognitiva que ela pode trazer, pois nessa sagrada tensão reside a oportunidade de profundo crescimento e renovação espiritual. Cooperemos com a graça divina, permitindo que a Palavra desafie e transforme nossas vidas, aproximando-nos da verdade de Deus e conduzindo-nos pelo caminho da justiça. Que o encontro com a Palavra de Deus seja uma jornada inspiradora, onde o comum dá lugar ao extraordinário e o mundano se transforma em milagroso, tudo pelo poder de Sua Palavra transformadora e vivificante. Amém.

(CLIQUE AQUI PARA A REFLEXÃO DO PRÓXIMO DIA: REFLEXÃO/HOMILIA PARA A MEMÓRIA DOS SANTOS MARTA, MARIA E LÁZARO)

Shalom!
© Pe. Chinaka Justin Mbaeri, OSJ
Paróquia Nossa Senhora de Loreto, Vila Medeiros, São Paulo, Brasil
nozickcjoe@gmail.com / fadacjay@gmail.com

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Chinaka Justin Mbaeri

A staunch Roman Catholic and an Apologist of the Christian faith. More about him here.

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