REFLEXÃO/HOMILIA DO DÉCIMO PRIMEIRO DOMINGO DO TEMPO COMUM DO ANO A

A PRESENÇA AMOROSA E MISERICORDIOSA DE DEUS ENTRE SEU POVO

Primeira Leitura: Êxodo 19,2-6
Salmo Responsorial: Sl. 99(100),2-3,5
Segunda Leitura: Romanos 5,6-11
Leitura do Evangelho: Mateus 9,36-10:8
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Num mundo muitas vezes envolto em trevas, onde a dor, o sofrimento, o desespero e a incerteza parecem dominar, a humanidade anseia por um vislumbre de esperança, um farol de luz que possa perfurar as nuvens do desespero. É durante esses momentos que a presença amorosa e misericordiosa de Deus emerge, como um sol radiante rompendo os céus tempestuosos, oferecendo consolo, conforto e apoio inabalável ao Seu povo. Permanece um truísmo de que, ao longo dos tempos, em diversas culturas e sistemas de crenças, os humanos buscaram uma conexão divina, um lembrete tangível de que não estão sozinhos em suas lutas. Em sua busca por significado, eles descobriram uma verdade profunda: Deus, em Sua infinita graça, escolheu habitar entre Seu povo, estendendo Seu amor e misericórdia ilimitados para elevar e transformar vidas. Neste domingo, a Igreja nos chama através das leituras litúrgicas a contemplar a profunda realidade do encontro com o amor e a misericórdia de Deus em nossas vidas. Deus, que iniciou a aliança com Seu povo no Antigo Testamento, continua a nos alcançar hoje, oferecendo-nos Seu amor incondicional e abundante misericórdia por meio de Jesus Cristo. Somos convidados a reconhecer a presença de Deus entre nós, Seu desejo de um relacionamento pessoal conosco e Seu chamado para que sejamos Seus instrumentos de amor e misericórdia no mundo.

A primeira leitura do livro do Êxodo (19,2-6) reflete especificamente os israelitas diante da presença divina no Sinai e da aliança feita com Deus. O contexto sociológico da passagem já revela como os israelitas escaparam recentemente do mal da escravidão e servidão no Egito e estão acampados na base do Monte Sinai. Esta passagem descreve sua chegada à montanha e sua preparação para receber as leis e os mandamentos de Deus. O cenário é de antecipação, enquanto os israelitas aguardam seu encontro com o divino. A reunião dos israelitas no Monte Sinai e sua subsequente aliança com Deus marcam um momento crucial em seu desenvolvimento social e religioso. Este evento significa a formação de uma comunidade de aliança, com Deus como seu soberano e os israelitas como Seu povo escolhido. A passagem enfatiza a natureza coletiva desta aliança, destacando a identidade comunitária e as responsabilidades da nação israelita. A passagem retrata a disposição dos israelitas de ouvir a voz de Deus e seguir Seus mandamentos enquanto se preparam para receber instrução divina.

Da mesma forma, o Salmo Responsorial 99(100) afirma a alegre entrada na presença de Deus (“Ide a Ele, cantando de alegria”), reconhecendo que o Senhor é nosso Criador e nós somos Seu povo. Entrar na presença do Senhor não termina apenas aí; sabemos como o salmista também nos diz em outro capítulo, que “na presença de Deus há plenitude de alegria” (Salmo 16,11). Isso se concretiza e se cumpre na leitura do Evangelho de São Mateus (9,36-10,8). Aqui, a presença amorosa de Deus entre os homens através da compaixão de Jesus, ministério de cura, comissionamento dos discípulos, provisão e proclamação do Reino de Deus é revelada. A passagem demonstra o desejo de Deus de trazer consolo, cura e restauração aos quebrantados e vulneráveis, e convida os crentes a participar da expansão do amor e da presença de Deus aos outros. Mateus afirmou que Jesus “teve compaixão deles porque estavam aflitos e abatidos, como ovelhas sem pastor”. Isso destaca a profunda empatia e preocupação de Jesus com as pessoas. Demonstra a presença amorosa de Deus entre nós como Jesus, a personificação do amor de Deus, mostra compaixão e cuidado para com aqueles que estão lutando, perdidos e necessitados. A passagem continua descrevendo o ministério de cura de Jesus, onde Ele cura doenças e enfermidades e conseqüentemente dá aos seus discípulos autoridade sobre os espíritos imundos com o poder de expulsá-los e curar todos os tipos de doenças e enfermidades. Isso mostra a presença amorosa de Deus por meio da restauração e renovação do bem-estar físico e espiritual dos indivíduos. Os atos de cura de Jesus revelam o desejo de Deus de trazer plenitude e vida abundante para aqueles que sofrem, enfatizando Seu amor e compaixão pela humanidade. A comissão dos doze discípulos revela a presença amorosa de Deus entre nós através da extensão do ministério de Jesus. Os discípulos são encarregados de continuar o trabalho de compaixão, cura e proclamação (e a necessidade de depender da provisão de Deus), estendendo assim o amor e a presença de Deus aos outros. Com sua dependência da providência divina, Deus cuidará de suas necessidades e os apoiará enquanto se engajarem em Sua obra de compaixão e cura. Acima de tudo, com o anúncio da proximidade do Reino de Deus, compreende-se o sentimento da presença amorosa de Deus e o poder transformador do seu Reino na vida das pessoas e da sociedade. O clímax da presença amorosa de Deus na missão de Cristo foi em sua morte e ressurreição, e a essência desse mistério sagrado é espelhada e explicada na segunda leitura.

Na segunda leitura da carta de São Paulo aos Romanos (5,6-11). Aqui, Paulo discute o conceito de salvação e reconciliação por meio de Jesus Cristo. A passagem destaca o amor e o sacrifício de Cristo, o significado de Sua morte e os benefícios resultantes para a humanidade. Aqui vemos o imensurável amor e misericórdia de Deus, demonstrados através da morte sacrificial de Jesus Cristo, enquanto a humanidade ainda estava em pecado. Desnecessário dizer que, quando o mundo estava envolto na escuridão do pecado e do desespero (conforme declarado em minha introdução), com o anseio da humanidade por um vislumbre de esperança, um farol de luz atravessando as nuvens do desespero na pessoa do Messias, – “Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido súdito da Lei, para redimir os súditos da Lei e torná-los filhos adotivos.” (Gálatas 4,4-5). Assim, foi quando ainda éramos pecadores que a presença amorosa e misericordiosa de Deus surgiu como um sol radiante rompendo os céus tempestuosos na pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo. Não é de admirar que o Sacerdote Zacarias, ao profetizar a vinda do Messias, exclamou: “Pela amorosa misericórdia de nosso Deus, o Sol nascente veio nos visitar.” (Lucas 1,78)

Queridos amigos em Cristo, a presença amorosa e misericordiosa de Deus se estende além das experiências individuais para comunidades e nações coletivas. Diante da adversidade, as sociedades encontraram consolo na unidade fomentada por sua fé compartilhada, extraindo força da certeza de que Deus caminha ao lado deles em sua jornada através dos esforços de grandes missionários. É nesses momentos de união que Sua presença é mais palpável, transformando o impossível em possível e dando a resiliência necessária para superar desafios aparentemente intransponíveis. À medida que navegamos pelas complexidades da vida, é crucial reconhecer e abraçar a presença amorosa e misericordiosa de Deus entre nós. É um convite para estabelecer um relacionamento profundo e íntimo com o divino, buscar consolo em Sua orientação e estender compaixão e misericórdia aos outros. Abraçar essa conexão divina traz um senso de propósito, capacitação e uma esperança inabalável que transcende as limitações de nossa existência mortal.

Queridos amigos em Cristo, a presença amorosa e misericordiosa de Deus permanece como um farol de esperança, uma luz guia que ilumina nossas vidas e infunde em nós a coragem para enfrentar os dias mais sombrios. É uma revelação poderosa e impressionante que nos lembra que nunca estamos sozinhos e que, em nossas provações e triunfos, o amor de Deus brilha intensamente. Como missionários-discípulos de Cristo, possamos brilhar continuamente como luz, revelando a face de Cristo na vida de nossos irmãos e irmãs. Só então os “espíritos malignos” de nosso mundo seriam expulsos, os doentes seriam curados e a paz seria restaurada em nosso mundo caótico. Que possamos abrir nossos corações, abraçar Sua presença e nos tornar vasos de Seu amor e misericórdia ilimitados, enquanto navegamos na tapeçaria da jornada da vida.

(CLIQUE AQUI PARA A REFLEXÃO DO PRÓXIMO DIA: REFLEXÃO/HOMILIA PARA SEGUNDA-FEIRA DA DÉCIMA PRIMEIRA SEMANA DO TEMPO COMUM)

OU

(CLIQUE AQUI PARA A REFLEXÃO DO PRÓXIMO DIA: REFLEXÃO/HOMILIA PARA O DÉCIMO SEGUNDO DOMINGO DO TEMPO COMUM DO ANO A)

Shalom!
© Pe. Chinaka Justin Mbaeri, OSJ
Paróquia Nossa Senhora de Loreto, Vila Medeiros, São Paulo.
nozickcjoe@gmail.com / fadacjay@gmail.com
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Chinaka Justin Mbaeri

A staunch Roman Catholic and an Apologist of the Christian faith. More about him here.

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